Actualmente fala-se, com alguma frequência, em Diferenciação Pedagógica e/ou Pedagogia diferenciada no nosso ensino. Há algum tempo atrás decidi pesquisar um pouco acerca destes conceitos, pois inúmeras e diferentes interpretações eram feitas por colegas. Confesso que, após algumas leituras, a ideia que eu tinha acerca destes conceitos não estava muito desfasada daquilo que li.
Diferenciação pedagógica assenta sobretudo na necessidade de reconhecer/aceitar as diferenças nos nossos alunos (culturais, de ritmos e estilos de aprendizagem, interesses, capacidades e motivações) e encontrar/definir estratégias de actuação que a todos inclua no processo ensino aprendizagem.
Esta tarefa faz todo o sentido para qualquer docente cujo objectivo seja o desenvolvimento e o sucesso dos seus alunos. Contudo, poderão surgir algumas dúvidas, nomeadamente no conceito diferenciar: Como devemos diferenciar o ensino?; A quem se dirige esta diferenciação? A todos os alunos ou apenas aos alunos com mais dificuldades?
Actualmente, o objectivo primordial não deve ser apenas o de ensinar, mas sobretudo o de criar condições mais adequadas para que todos os alunos aprendam efectivamente. Assim, ao dar uma maior revelância à aprendizagem em detrimento do ensino, inevitávelmente, o professor terá que reconhecer os diferentes estilos dos seus alunos e consequentemente aplicar diferenciação pedagógica.
Partindo desta ideia, a diversidade de actividades pode ajudar todos os alunos a alcançar o sucesso. Segundo Perrenoud, significa não só "romper com a pedagogia magistral - a mesma lição e os mesmos exercícios para todos ao mesmo tempo", mas sobretudo "por em funcionamento uma organização de trabalho que integre dispositivos didáticos, de forma a colocar cada aluno perante a situação mais favorável ao seu processo de aprendizagem".
Confesso que senti alguma resistência a esta abordagem de ensino. Não é fácil implementar diferençiação/individualização quando alguns professores, para além de ter a seu cargo a tarefa de trabalhar com 150 alunos (ou até mais), necessitam de despender muito do seu tempo com tarefas burocráticas que o actual estado do ensino no nosso país assim o exige.
Ainda de acordo com Byers e Rose, as actividades só poderão ser adequadas aos diferentes alunos quando:
- são relevantes, levando em conta as suas experiências, interesses e motivações;
- respeitam os diferentes ritmos de aprendizagem;
- promovem a autonomia e a investigação;
- estão organizadas numa perspectiva de problemas a resolver.
Ora, parece-me que o uso das novas tecnologias poderá ser uma excelente ferramenta de trabalho no auxílio a todos os alunos e na implementação de diferenciação pedagógica. A utilização de blogues, wikipedias e e-portfolios possibilita a troca de experiências entre os alunos, desenvolvendo não só a linguagem, mas também o processo de aprendizagem. Por outro lado, o alunos poderão realizar actividades de acordo com os seus interesses e experiências, desenvolvendo ao mesmo tempo as capacidades de autonomia, cooperação e investigação.
Mediante a utilização dos recursos blogues, wikipedias, e-portfolios na sala de aula ou fora dela, cada aluno pode assumir o papel tanto de emissor como receptor, pois tem não só a oportunidade de apresentar e transmitir informação, como também de confontrar as suas ideias com as dos outros. Estando a pedagogia diferenciada interligada a uma pedagogia de autonomia mas também de cooperação, a utilização de recursos ligados às novas tecnologias permite que todos os alunos desenvolvam as suas capacidades, respeitando as suas caracteristicas (ritmo de aprendizagem, dificuldades e/ou capacidades, vivências e interesses).
O papel do professor assume igualmente um papel diferente. O professor poderá dar especial atenção à organização dos trabalhos dos alunos, auxiliando e sugerindo o tipo de actividades e ferramentas mais adequadas a cada caso. A utilização das novas tecnologias permite uma maior flexibilidade do trabalho a desenvolver com os alunos, pois poderá ser tão diversificado quanto o tipo, conteúdo, níveis e dificuldades dos alunos.
Parece-me evidente, que se pretendemos chegar a todos os nossos alunos eficazmente e adequadamente, o uso das novas tecnologias poderá facilitar a aplicação de diferenciação/individualização no ensino. Devemos, pois, começar a encarar positivamente as novas abordagens pedagógicas, de modo a aperfeiçoar e alargar a nossa prática docente.
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